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Entrevista com Flavio Albuquerque Neto – Coordenador de GT do CAEduca 2023

O entrevistado da vez é Flavio Albuquerque Neto.

Flavio Albuquerque Neto é doutor em História pela UFPE (2015); Professor e Pesquisador do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). Diretor de Pesquisa da Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do IFPE. Pesquisador nos seguintes temas: História das prisões e dos prisioneiros; Educação prisional; Prisões e Direitos Humano.

Organizador da coletânea “História das Prisões no Brasil (2 vols; Editora Rocco, 2009; Editora Anfiteatro, 2017). Atuou como pesquisador do Censo Nacional de Leitura no Sistema Prisional e Socioeducativo, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça, entre 2021 e 2023, e no Diagnóstico de Segurança Pública, realizado pelo Ministério da Justiça, em 2019.

1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.

Meu interesse acerca da Educação Prisional – pensando a Educação como um direito fundamental – foi gradual e tem relação direta com minha trajetória. Iniciei as pesquisas sobre prisões e temas afins ainda na graduação, me interessei por compreender alguns modelos arquitetônicos para prisões brasileiras no século XIX. Com meu ingresso no IFPE, comecei a trabalhar com orientação de estudantes em nível técnico, de graduação e de pós-graduação, bem como segui participando de eventos, coletâneas e redes acadêmicas para afinar e aprofundar os debates sobre as os aparatos carcerários numa perspectiva multidisciplinar. A partir de 2019, atuei como pesquisador em dois importantes projetos nacionais: o Diagnóstico de Segurança Pública, realizado pelo Ministério da Justiça, em 2019, e o Censo Nacional de Leitura no Sistema Prisional e Socioeducativo, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça, entre 2021 e 2023. Devido a essas experiências, aprofundei minhas leituras em educação prisional e iniciei um projeto de pesquisa sobre esse tema no estado de Pernambuco.

2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?

O formato digital do evento é um dos grandes diferenciais, pois possibilita a participação de um grande número de pesquisadores sem custos com viagens. A pandemia da covid-19 nos mostrou que esse formato é viável e pode ser cada vez mais aprimorado. A diversidade de temas abordados é outro fator que torna o evento atrativo e dinâmico. A possibilidade de publicação em livro é um importante estímulo à participação e excelente ferramenta de divulgação científica. Por fim, considero justa a forma de seleção dos coordenadores dos GTs.

3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?

Como foi dito acima, me interesso pelo fenômeno do crime, que é algo extremamente complexo e dinâmico, não podendo ser entendido apenas em seu aspecto jurídico. É um tema que requer amplas reflexões, que devem, obrigatoriamente, perpassar por diversos saberes e setores da sociedade e a educação é um dos principais pilares. Nesse sentido, tenho pensado e discutido a educação como um direito humano fundamental, que, historicamente, vem sendo negligenciado a boa parte da população brasileira, que, ou não tem acesso à educação, ou esse acesso é precário.  Assim, creio que o grande desafio em discutir segurança pública e crimes – ou criminalidade – reside em conseguir promover um debate multi e transdisciplinar, fazendo com que tenhamos a real dimensão da complexidade desses assuntos, para que não caiamos nos mesmos erros e simplificações tão comuns no cotidiano brasileiro, entendendo a educação como algo sem a qual não se pode falar em combate ao crime.

4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?

Primeiramente, para produzir bons textos, o pesquisador deve se manter constantemente atualizado, com as leituras em dia, sempre se debruçando nas publicações mais recentes e relevantes acerca do tema de seu interesse. Segundo, deve-se ter muita atenção com as questões teórico-metodológicas da pesquisa, sempre procurando eleger materiais e/ou métodos que deem conta dos objetivos propostos. Por fim, não se deve ter medo dos avaliadores, eles sempre terão excelentes dicas e encaminhamentos para aprimorar seus textos. A escrita é um exercício constante!

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