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Entrevista com  Antônio Cícero de Andrade Pereira – Coordenador de GT do CAEduca 2023

O entrevistado da vez é  Antônio Cícero de Andrade Pereira.

Antônio Cícero de Andrade Pereira, Detentor das seguintes identidades: Homem cisgênero que se assume como bicha preta periférica, de Axé, nordestino, nascido em Fortaleza/CE. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação, Campus Sorocaba (PPGEd-So) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), bem como doutorando do PPG em Estado e Sociedade (PPGES) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). É integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Narrativas Educativas, Formação e Trabalho Docente (NEPEN) e Coordenador do Coletivo Dandaras. Profissionalmente, apresenta-se como professor-formador e educador antirracista, exercendo a função de Professor Assistente Nível IV em regime de Dedicação Exclusiva da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), campus Dr.ª Josefina Demes.

Professor com formação inicial em Ciências Biológicas, desenvolve atividades de Ensino como docente em disciplinas dos cursos de Licenciatura Plena, com ênfase para: Prática de Ensino; Estágio Supervisionado e Metodologia da Pesquisa Científica. Também realiza atividades de Pesquisa e Extensão Universitária, e ainda desenvolve orientações com estudantes de Graduação nas mais diversas atividades acadêmico-científicas. Em 2012, iniciou mudança de Área de Conhecimento, migrando da Ecologia Aquática/Recursos Pesqueiros para Educação, abraçando a Linha de Pesquisa Formação de Professores. Atuou como Coordenador de Área do PIBID/UESPI entre 2012 e 2019, proporcionando-o aprendizados significativos que elevaram seu potencial como professor-formador. Desde 2018 vem desenvolvendo pesquisas sobre Identidades e Diferenças no contexto educacional, com enfoque nas relações étnico-raciais e Ações Afirmativas em Universidades, sendo que, atualmente, vem concentrando seus estudos e produções, o qual se reconhece como pesquisador/investigador narrativo na perspectiva (auto)biográfica. Suas leituras, vivências, publicações em eventos e comunicações estão associadas às lutas contra a LGBTfobia; contra o racismo estrutural e epistêmico; contra o feminicídio; contra a corrupção na política. Como Professor, foi homenageado por turmas do curso de Ciências Biológicas na UESPI nos anos de 2010, 2011, 2014, 2016 e 2019, como também recebeu menção honrosa como Paraninfo nos anos de 2016 e 2017. Autor de capítulos de livros com foco na formação de professores. Foi conferencista no Congresso Interdisciplinar de Direitos Humanos (INTERDH), em 2020, com o tema “O princípio da indissociabilidade na Universidade: 5 estratégias para aproveitar suas ações extensionistas em outras formas de produção” e no Congresso Interdisciplinar de Direitos Humanos e Fundamentais (CDHF), em 2021, com o tema “Políticas afirmativas na Educação Superior: o caso da Universidade Estadual do Piauí”. Sua produção mais recente, como um dos organizadores do livro “Escrita de Si e a Pesquisa em Educação” publicado em 2022 pela Editora Pembroke Collins.

 

1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.

Minha trajetória acadêmica é um pouco incomum, uma vez que minha formação acadêmica inicial é em Ciências Biológicas, sendo que atualmente estudo e pesquiso sobre Narrativas e a Pesquisa (auto)Biográfica como dispositivo no campo da Educação, sobretudo a Pesquisa em Educação, entrecruzando estes saberes a um modo outro de escrita acadêmica que vem ganhando espaço na Academia, as Cartas Pedagógicas freireanas. Enquanto pesquisador em Ciências Humanas e Sociais, também me interesso pelas múltiplas questões que abraçam as Identidades na contemporaneidade, suas intersecções e a aplicabilidade na prática educativa. Tendo desenvolvido a expertise nestas temáticas em meio aos desafios oriundos de minhas práticas pedagógicas, como por exemplo: orientações de TCC, ações extensionistas, práticas de leitura e escrita acadêmica, abraço esta oportunidade de coordenar deste GT Especial no CAEduca 2023, proposto pelo grupo de estudos intitulado Representatividade, Miscigenação e Branquitude, iniciativa esta que surge a partir da parceria entre UERGS e o MARGS, idealizada pela prof.ª Dr.ª Carmen Lúcia Capra e pela museóloga Carla Batista. 

2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?

Já tive a satisfação de participar do CAEduca como congressista em edições anteriores, apresentando trabalhos de pesquisa enquanto orientador de estudantes de graduação e/ou autor de artigos de comunicação de pesquisa, bem como de relatos de experiências. Sendo este ano, minha segunda participação como coordenador de GT. Desta forma, sinto-me familiarizado com o formato adotado pelo evento, uma vez que se tratar de um Congresso Internacional pensado e estruturado em um formato virtual desde a sua primeira edição, antes mesmo de enfrentarmos pandemia do Covid-19. O CAEduca segue rompendo as barreiras geográficas, socioeconômicas e disciplinares que impediam jovens acadêmicos de participar de um evento científico de excelência, sendo uma marca que presa pela interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade, discutindo temática que dialogam com os diversos campos de estudo em Educação e abraçando propostas de GT Especial como este que apresentamos nesta edição. 

3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?

Quando nós, coordenadores selecionados para este GT Especial, decidimos submeter a proposta desse grupo de trabalho intitulada “Representatividade, Miscigenação e Branquitude em Artes e na Educação”, sabíamos que esta seria uma oportunidade ímpar para contribuir com o CAEduca, evento este que vem se diferenciando justamente por se preocupar em firmar diálogos relevantes entre as diferentes temáticas que integram o campo da Educação. Em nosso GT Especial, esperamos receber textos que se apropriem de escritas diversas, sejam elas nos moldes clássicos da produção científico-acadêmica, dotadas de objetividade e imparcialidade, como também serão muito bem-vindos trabalhos que adotem escritos outros, como exemplo temos as narrativas ou mesmo outros formatos textuais, os quais contemplem as subjetividades e sensibilidades que pesquisadores nos campos da educação e/ou artes possam se apropriar.  

4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?

Sempre se desafiem e nunca acreditem que já sabem de tudo. Não caminhem sozinhos nessa jornada chamada carreira acadêmica. Façam parcerias, e nunca guardem seus saberes somente para si, pois para que seus conhecimentos se perpetuem estes precisam chegar às próximas gerações. Leiam. Leiam sempre que puderem. A leitura é a sua maior aliada, uma vez que o hábito da leitura como parte de suas rotinas irá lhes proporcional um salto na qualidade de sua escrita acadêmica.  E dialoguem com outras áreas do conhecimento, pois estudos inter-, multi- e transdisciplinares são o presente e o futuro no constructo de saberes dotados de qualidade e inovação na/para a Academia. 

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