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Entrevista com Antônio Cícero de Andrade Pereira – Coordenador de GT do CAEduca 2024

O entrevistado da vez é Antônio Cícero de Andrade Pereira.

Antônio Cícero de Andrade Pereira é formador de professores no contexto da Docência Universitária, tendo como vínculo institucional a Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Além disso, reivindico as seguintes identidades interseccionais: pessoa negra LGBTQIAP+ que se assume enquanto bichapreta periférica, de Axé e nordestino, nascido em Fortaleza-CE. Sou atualmente Estudante de Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, Campus Sorocaba (PPGEd-So) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), como também pelo PPG em Estado e Sociedade (PPGES) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Sou integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Narrativas Educativas, Formação e Trabalho Docente (NEPEN) e um dos Coordenadores do Coletivo Dandaras. 

Formei-me em Ciências Biológicas – Licenciatura Plena pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) em 2004 e possuo o título de Mestre em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Já em 2009, fui aprovado em concurso pública para a função de professor assistente efetivo da UESPI e desde então desenvolvo atividades de Ensino-Pesquisa-Extensão no campus Dr.ª Josefina Demes, em Floriano-PI. Como docente, lecionei diversas disciplinas em cursos de Licenciatura Plena, as quais destaco as seguintes: Prática de Ensino; Estágio Supervisionado e Metodologia da Pesquisa Científica. Já coordenei várias atividades acadêmicas, tanto de Pesquisa como de Extensão Universitária, sendo algumas destas significativas nos contextos Regional, Nacional e Internacional, como: Fórum Interdisciplinar Biológico (FIB); Projeto Enegrecendo à Academia; Congresso Internacional de Altos Estudos em Educação (CAEduca). Em 2012, iniciei mudança de Área de Conhecimento, migrando da Ecologia Aquática/Recursos Pesqueiros para atuar no campo de Pesquisa qualitativa em Educação, com ênfase na Linha de Pesquisa “Formação de Professores”. Atuei entre 2012 e 2018 como Coordenador de Área do PIBID/UESPI, proporcionando-me aprendizados significativos que elevaram meu potencial como formador de professores. Desde então venho desenvolvendo pesquisas sobre Identidades e Diferenças no contexto educacional, com foco nas relações étnico-raciais e Políticas de Ações Afirmativas (PAA) em Universidades. Atualmente, concentro meus estudos e produções acadêmicas vinculadas a uma abordagem que vem ganhando notoriedade desde os anos 1990 no Brasil, a qual é nomeada abordagem narrativa (auto)biográfica em Educação. Minhas leituras, vivências, publicações em eventos e comunicações de pesquisa estão associadas aos movimentos sociais e Educação, com destaque para lutas contra a LGBTfobia, contra o racismo estrutural e epistêmico, contra o feminicídio e contra corrupção na política. Enquanto docente na UESPI, já recebi a honra de ser “Professor-Homenageado” pelas turmas do curso de Ciências Biológicas nos anos de 2010, 2011, 2014, 2016 e 2019, como também recebi a menção honrosa como “Paraninfo” por turmas do referido curso nos anos de 2016 e 2017. Sou autor de diversos capítulos de livros que abordaram como temática a Formação de Professores. Já fui conferencista no Congresso Interdisciplinar de Direitos Humanos (INTERDH), em 2020, com o tema “O princípio da indissociabilidade na Universidade: 5 estratégias para aproveitar suas ações extensionistas em outras formas de produção” e no Congresso Interdisciplinar de Direitos Humanos e Fundamentais (CDHF), em 2021, com o tema “Políticas afirmativas na Educação Superior: o caso da Universidade Estadual do Piauí”. Dentre minhas produções mais recentes, destaco três publicações de livros de coletâneas como um de seus organizadores, sendo eles: “Escrita de Si e a Pesquisa em Educação” e “Representatividade, Miscigenação e Branquitude em Artes e na Educação”, publicados respectivamente em 2022 e 2024, pela Editora Pembroke Collins, e “Refletindo Processos de Epistemicídio na Educação: Reconhecendo Saberes e Engenhosidades” publicado em 2023, pela CLAEC e-Books. 

1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.

Minha trajetória acadêmica é um tanto incomum. Como tenho formação inicial como licenciado em Ciências Biológicas e atualmente me dedico aos estudos dos/nos/com os cotidianos educativos (escolares e universitários) na interface com as Pesquisas Narrativas (Auto)Biográfica em Educação, acredito que eu seja um professor-pesquisador, no mínimo, peculiar. Tendo em vista que, desde meu ingresso em dois cursos de Doutorado, cursando-os simultaneamente, procurei relacionar saberes específicos de ambas os campos de Pesquisas, a Educação como campo disciplinar e Estado e Sociedade enquanto interdisciplinar, entrecruzando tais saberes ao meu modo outro de escrita acadêmica, o qual vem ganhando visibilidade acadêmica desde o centenário de Paulo Freire, em 2021, refiro-me às Cartas Pedagógicas freirianas. Concomitantemente a isto, conheci a odontóloga sanitarista e professora Dr.ª Rose Mari Ferreira ao cursarmos juntos o Programa de Produção Acadêmica (PPA), fundado pelo ilustre Dr. Felipe Asensi, o qual nos oportunizou desta edição do CAEduca 2024 coordenarmos o Grupo de Trabalho (GT) Especial intitulado “Educação em Espaços Não-Formais e suas Múltiplas Epistemologias”. Todavia, vale salientar que esta é uma de muitas outras parcerias feitas entre a Dr.ª Rose Mari Ferreira e eu, das quais destaco a coordenação do GT Especial “Representatividade, Miscigenação e Branquitude em Artes e na Educação”, que posteriormente nos oportunizou a organização do livro de mesmo nome composto por artigos e resumos submetidos e aprovados em nosso GT. Naquela oportunidade, também contávamos com a participação da professora Dr.ª Carmen Lúcia Capra, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERG) e da professora Dr.ª Danielle Ferreira Medeiro da Silva de Araújo, que compõe o Conselho Superior do CAED-Jus.

2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?

Já tive a satisfação de participar do CAEduca como congressista em edições anteriores, apresentando trabalhos de pesquisa enquanto orientador de estudantes de graduação e/ou autor de artigos de comunicação de pesquisa, alguns relatos de experiência e mais recentemente no formato de Cartas Pedagógicas. Sendo este ano, minha terceira participação como coordenador de GT, sinto-me bastante familiarizado com o formato adotado pelo evento, uma vez que se tratar de um Congresso Internacional pensado e estruturado num plataforma virtual desde sua primeira edição, antes mesmo de enfrentarmos todas as adversidades causadas pela pandemia da COVID-19. O CAEduca segue rompendo as barreiras geográficas, socioeconômicas e disciplinares que antes impedia a participação de jovens acadêmicos em evento científico de excelência, sendo essa uma de suas marcas mais significativas. Por outro lado, o CAEduca também presa pela inter-, multi- e transdisciplinaridade, discutindo temáticas que dialoguem com campos distintos à Educação. Como exemplo, temos o GT Especial proposto por mim e parceria do a Dr.ª Rose Mari Ferreira, intitulado “Educação em Espaços Não-Formais e suas Múltiplas Epistemologias”. 

3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?

Quando nós, coordenadores selecionados para este GT Especial, decidimos submeter a proposta para este Grupo de Trabalho, intitulada “Educação em Espaços Não-Formais e suas Múltiplas Epistemologias”, sabíamos que essa seria uma oportunidade ímpar para contribuir com o CAEduca, evento este que vem se diferenciando justamente por assumir compromisso de firmar diálogos relevantes entre diferentes temáticas que integram o campo da Educação. Para o nosso GT Especial, esperamos receber textos que se apropriem de escritas diversas, sejam elas calcadas nos moldes ditos “clássicos” da produção científico-acadêmica, dotadas de objetividade e imparcialidade, como também serão muito bem quistos trabalhos que adotem escritos outros. Como exemplo venho citar as narrativas, que se apropriem de modos outros de escrita e produção textual, as quais contemplem também as subjetividades e sensibilidades que pesquisadores no campo da Educação, como também outras Áreas de Conhecimento, sejam elas disciplinares ou interdisciplinares. 

4) Como a experiência de coordenar um Grupo de Trabalho no CAEduca pode influenciar sua prática acadêmica ou profissional futura?

Acredito que o CAEduca vem me proporcionando uma bagagem acadêmico-profissional que muitos professores, sejam eles/elas docentes Universitários ou não, almejam conquistar ao longo de sua carreira, mas que tal honraria somente é oportunizada para um grupo seleto de pessoas. Dito isto, ratifico ainda sua importância no que tange à aquisição de saberes e experiências para aqueles que são selecionados, sobretudo no que consiste em idealizar e coordenar um GT Especial. Estes Grupos de Trabalho ditos Especiais tem como papel primordial relacionar o campo disciplinar da Educação com temáticas de relevância sociopolítica e acadêmica, para assim podermos proporcionar à Sociedade um evento não somente interdisciplinar, mas também balizado nos pressupostos da Pluralidade e Diversidade. Diante disto, reconheço seus benefícios a minha carreira profissional docente, pois desde minha primeira participação como coordenador, proporcionou-me uma ampliação significativa em minha rede de contatos acadêmico-profissional, bem como alavancou meu currículo Lattes, aumentando minhas produções como autor e organizador de livros de coletâneas. 

5) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?

O conselho que posso deixar aqui nesta entrevista para aqueles que almejam produzir artigos e outros textos acadêmicos de excelência é: Leiam referências bibliográficas dentro e fora de seu campo disciplinar. Para que uma pesquisa seja considerada de qualidade e inovadora, recomendo primeiro estruturá-la teoricamente, somente assim seus pares valorizarão seu trabalho acadêmico. Lembrem-se: produzir um texto considerado inovador somente será reconhecido como relevante caso seja alicerçado por uma fundamentação teórica condizente àquilo que já foi referenciado aliado àquilo que o tornará diferenciado quando comparados a outros trabalhos já realizados. Esta é, segundo minhas lentes, a essência do conhecimento dito científico e que não devemos nunca esquecer, para assim chegarmos ao topo. Desejo sucesso a todas e todos. 

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