A entrevistada da vez é Rose Mari Ferreira.
Rose Mari Ferreira é Doutora em Saúde Coletiva pela UNISINOS – Universidade do Vale dos Sinos, em São Leopoldo/RS; Mestra em Saúde Coletiva pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Especialista em Saúde Coletiva pelo IFRS-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul -Campus Alvorada/RS; Especialista em Saúde da Família pela UFPel – Universidade Federal de Pelotas/RS; graduada em Odontologia pela PUC/RS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atualmente, atuando como docente substituta no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RS-Campus Alvorada- IFRS, na área de saúde coletiva. Sou militante das causas antirracistas, principalmente, do racismo antinegras/negros. Sou servidora pública em uma cidade na região metropolitana de Porto Alegre/RS atuando na assistência odontológica no SUS – Sistema Único de Saúde.
Sou cirurgiã-dentista de formação acadêmica que atuou durante 25 anos na assistência odontológica privada e que decide após esse período, “virar a chave” e dedicar-se ao serviço público. Fui nomeada servidora pública em 2013 e desde então, atuando na assistência odontológica do SUS, majoritariamente na Atenção Básica, compondo a ESF – Equipe Estratégia Saúde da Família e desde 2022, atuando no CEO – Centro de Especialidades Odontológicas (Atenção Especializada em Odontologia, no SUS). Na quase totalidade de tempo, exercendo assistência odontológica na periferia, em territórios de alta vulnerabilidade social. Essa vivência foi fundamental para continuar na militância da causa antirracista. A descoberta como pesquisadora acontece exatamente por estar em atuação nesse território, em que as populações minorizadas, principalmente a população negra, evidencia as dificuldades de acesso ao cuidado em saúde, necessitando do Sistema Único de Saúde. Realizei minhas pesquisas de especialização e mestrado, ambas em saúde coletiva, com pessoas moradoras dos territórios, usuárias do SUS. A pesquisa realizada no Doutorado apresentou as narrativas de mulheres negras doutoras em Saúde Coletiva, em que foram evidenciadas diversas situações de desigualdades existentes na trajetória de mulheres negras em que a formação em Saúde está atrelada à Educação. Já atuando na docência em Saúde Coletiva e em parceria com meu grande amigo Antônio Cícero de Andrade Pereira, juntamente com mais colaboradoras, participei da coordenação do GT Especial “Representatividade, Miscigenação e Branquitude em Artes e na Educação”, no CAEduca 2023. Uma experiência de tamanho êxito que neste ano de 2024, estamos novamente, Cícero e eu, na coordenação do “GT Especial Educação em espaços não-formais e suas múltiplas Epistemologias”.
1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.
Minha trajetória acadêmica apresenta um marco referencial quando decido realizar uma especialização em Saúde Coletiva no IFRS – campus Alvorada. Curso que se desenhou como um divisor de águas, pois aprendi a ser pesquisadora e desde então, segui minha trajetória tendo a pesquisa como eixo central. Ao término da Especialização, já iniciei o mestrado, também em Saúde Coletiva. E desse começo, considerando o marco referencial do início do mestrado, saliento que foi com o projeto da especialização (com algumas inserções) que alcancei o primeiro lugar no Mestrado em Saúde Coletiva, em um programa de pós-graduação em uma universidade pública, no Rio Grande do Sul. Nos últimos dias antes da defesa da dissertação, já havia sido aprovada em dois doutorados. E aqui se faz importante evidenciar que a participação em diversos eventos acadêmicos da marca CAEDuca e CAEJus foram fundamentais. Participei destes eventos com apresentação de diversos trabalhos, incluindo os resultados da pesquisa de Mestrado. Em janeiro de 2024, defendi minha tese de Doutorado em Saúde Coletiva. Importante ressaltar que em todo essa trajetória, sempre estive na assistência odontológica do SUS, inclusive durante os anos da pandemia de COVID-19, período esse que costumo dizer: “Para a Odontologia, não existe ‘home office’!” Saliento também a importância de que as pesquisas realizadas no âmbito da Especialização e do Mestrado em Saúde Coletiva foram realizadas nos territórios em que atuo como Cirurgiã-dentista. Dito isso, reafirmo que realizo pesquisas implicadas com a minha vivência de sanitarista, pesquisas que não podem ser descoladas da minha atuação profissional. No doutorado, apresentei narrativas de mulheres negras doutoras em saúde coletiva. Mais uma vez, realizo pesquisa totalmente implicada com minhas vivências.
2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?
Muitos são os pontos que chamam a atenção no Congresso, vou pontuar alguns. A forma virtual em que tudo se realiza, possibilita a participação para além do presencial. Outro ponto que considero significante e diferencial, são os valores das inscrições ao congresso se apresentarem proporcionais à titulação do estudante, o que na minha concepção, é uma forma de participação com princípios de equidade. Além disso, o fato de poderem ser submetidos dois textos, em formato de resumo expandido e/ou artigo, amplia possibilidades para os acadêmicos que desejam participar do congresso.
3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?
Acredito que trabalhar sobre o tema de Educação em Espaços não-escolares e suas múltiplas Epistemologias se apresenta como um desafio. A Educação, ainda que ao longo dos tempos tenha apresentado mudanças, guarda resquicios, em alguns cursos, da formação centrada na figura do professor. Trabalhar com possibilidades de Educação em outros espaços como nos Movimentos Sociais, na Saúde, no Campo, nas Artes amplia o leque de atuações de profissionais, não somente aqueles/as graduados/as em Pedagogia, como em otras áreas relacionadas com a Educação.
4) Como a experiência de coordenar um Grupo de Trabalho no CAEduca pode influenciar sua prática acadêmica ou profissional futura?
Essa é a segunda vez que estou participando como coordenadora, fato que me proporciona enorme honra. Estar na coordenação do GT Especial Educação em espaços não-formais e suas múltiplas Epistemologias proporciona evidenciar o conhecimento produzido por diversos acadêmicos, atuando em áreas não só da Educação, como da Saúde, das Artes, no Serviço Social. Acredito que as contribuições dessa participação como coordenadora não só fortalecerão os laços já estabelecidos com a Educação, como também poderá proporcionar parcerias para continuar nessa trajetória. Está incluída entre minhas metas para 2025 a docência como professora efetiva em uma Instituição de ensino e participar como coordenadora de um Grupo de Trabalho em um evento com a importancia do CAEduca, reforça meu compromisso com a Educação.
5) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?
Diria às/aos acadêmicas/acadêmicos que participar desse evento e de outros eventos proporcionados pela marca CAEDuca e CAEJus, além de proporcionarem produção acadêmica relevante, ampliam o conhecimento. Para aquelas/aqueles que estão na trajetória acadêmica, seja de graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado, a participação no evento é de grande importância. Conhecimento é para ser divulgado !! Aproveitem a oportunidade e participem!
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