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Entrevista com Fabiana Aparecida da Silva – Coordenadora de GT do CAEduca 2024

A entrevistada da vez é Fabiana Aparecida da Silva.

Fabiana Aparecida da Silva é Doutora e Mestra em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2020 e 2012). Formada em Serviço Social pela Universidade São Francisco (2008). Cursando Pedagogia pela UNIVESP (2025) e Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ética e Direitos Humanos (NEPEDH) da PUC – SP. Participou do Programa da CAPES de Doutorado Sanduíche no Exterior no Instituto Superior Miguel Torga em Coimbra- Portugal em 2017 (Processo PDSE 88881.134906/2016-01). Graduada em Serviço Social pela Universidade São Francisco (2008). Atualmente é Coordenadora Social no Instituto Baccarelli. Possui experiência na docência no Curso de Serviço Social. Atuou em organizações como Fundação Abrinq, Fundação Orsa, UNAS Heliópolis, Santa Marcelina Cultura, entre outras, com ênfase em trabalho com famílias em comunidade, crianças, adolescentes e juventude.

Doutora e Mestra em Serviço Social, Graduada em Serviço Social e cursando Pedagogia, com mais de 20 anos de experiência no trabalho com famílias em comunidade, crianças, adolescentes e juventude, sendo 14 anos desses, na área da Educação Musical.

1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.

Em toda minha trajetória pessoal, profissional e acadêmica, a educação esteve presente, e nesse momento da minha vida estou estudando e gostaria de continuar fazendo pesquisa nessa área. Como uma pessoa preta, sempre enfrentei situações difíceis, mas que foram encaradas como desafios e estas fazem parte da minha construção enquanto pessoa, profissional e pesquisadora.

Iniciei esse percurso como usuária do Projeto Mudando a História, da Fundação ABRINQ, e posteriormente como formadora/ mediadora e Multiplicadora de leitura de jovens do antigo Programa Bolsa Trabalho nas regiões de Lajeado/Guaianases e da Vila Curuçá na Zona Leste de São Paulo. Nessa época aprendi muito: conheci adolescentes, jovens e profissionais de diversas etnias, territórios e classes sociais, o que me permitiu aprender sobre diversas temáticas e conhecer várias realidades, equipamentos educacionais, sociais e culturais de São Paulo. Na minha trajetória acadêmica, desde a graduação estudei a questão da garantia de direitos de (I)migrantes  e dentre esses direitos, sempre aparecia a Educação  como um dos direitos fundamentais a ser garantido.  Durante as pesquisas realizadas, identificava a falta do Serviço Social na Educação, nas demandas trazidas pelos entrevistados, o que me causava uma grande inquietação. “Todo pesquisador precisa ser um curioso, um perguntador. E essa qualidade deve ser exercida o tempo todo no trabalho de campo, pois será tanto melhor e mais frutuoso quanto mais o pesquisador for capaz de confrontar suas teorias e suas hipóteses com a realidade empírica” (MINAYO, 1993, p. 62).

Na pesquisa de mestrado, mais uma vez fiquei inquieta com a falta de um Assistente Social na Educação, que seria um grande mediador entre alunos/família e direitos, pois, as crianças e adolescentes filhos de imigrantes estavam na escola, sendo assim, uma grande oportunidade de intermediar essas famílias e dos demais alunos, os serviços, e trazer pautas e temáticas para reflexão e discussão.  Na mesma época de ingresso no Mestrado, comecei a trabalhar como Assistente Social no Programa Guri Santa Marcelina – Programa que oferece acesso sociocultural através da música às crianças, adolescentes e suas famílias, que tem como base no seu Projeto Político Pedagógico – PPP, a Pedagogia Social . Foi uma experiência de oito anos na atuação direta aos usuários, e quase três anos na Gestão do Departamento de Serviço Social na Educação Musical. Nesse percurso, além das atribuições privativas de Assistente Social, trabalhei através de projetos e oficinas socioeducativas com alunos e famílias, a partir de análises interseccionais.

Importante trazer para a reflexão que, em todo meu percurso, desde como usuária, estudante, profissional e pesquisadora, a população mais atendida, em maior situação de vulnerabilidade, é a população negra. Isso fez com que eu me aproximasse do Coletivo Espelho Espelho Meu, que trabalha por meio de oficinas socioeducativas, apoiadas pela Lei Federal 10.639/2003, que promove o acesso ao conhecimento e a história Africana no Brasil. 

Em agosto de 2015, ingressei no Doutorado, e em maio de 2016, fui convidada a levar essa experiência profissional para as diversas escolas públicas da periferia de Amsterdam, na Holanda, onde trabalhei através das oficinas socioeducativas com crianças, adolescentes e colaboradores do Programa Leerorkest – Amsterdam, na mesma linha que atuava no Brasil. Em 2017, como bolsista de Doutorado Sanduíche no Exterior pela CAPES, realizei parte da pesquisa de Doutorado em Programas de Educação Musical em Portugal e Holanda e nesse processo, mais uma vez, senti a falta do profissional do Serviço Social dentro do espaço escolar e trouxe isso para a pesquisa. Apenas o Guri tinha Serviço Social, o que era um grande diferencial no cotidiano dos projetos, com alunos, alunas, suas famílias e equipes. Essa pesquisa resultou na Tese: “A Arte através da música na vida de crianças e adolescentes, filhos(as) de (I)migrantes: O trabalho com essa demanda em três programas sociais em São Paulo, Coimbra e Amsterdam”.

Após o término do Doutorado, não me dei por satisfeita e senti a necessidade de estudar Pedagogia, no qual dei início em 2021, pois minha trajetória profissional sempre foi com crianças, adolescentes e famílias; em sua maioria, e atualmente, na área da educação (mesmo que musical), e por isso, me despertou a conhecer mais profundamente sobre os processos pedagógicos, contribuindo no processo de (re)construção, em conjunto as equipes multidisciplinares. Em setembro de 2021, aceitei o desafio de implementar o Serviço Social no Instituto Baccarelli como Coordenadora Social, trazendo a experiência anterior de 11 anos na Educação Musical em diversos territórios, principalmente os mais vulneráveis, para Heliópolis, onde atuo até o presente momento.

2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?

A possibilidade de produzir, realizar trocas e publicar sobre a Educação e Direitos Humanos que são áreas essenciais para o desenvolvimento humano seja ele, no campo acadêmico, na prática profissional no dia a dia do ambiente escolar ou de educação não formal, na vida pessoal…

3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?

Trazer pessoas que atuam com a educação na perspectiva dos direitos humanos tragam suas experiências em forma de artigo para compor ese GT. Sabemos que muita coisa é feita na ponta, mas infelizmente as pessoas não transformam essa experiencia em conhecimento científico. O desafio é: que o conhecimento empírico se transforme também em conhecimento científico.

4) Como a experiência de coordenar um Grupo de Trabalho no CAEduca pode influenciar sua prática acadêmica ou profissional futura?

Acredito que me influencia de forma subjetiva, pois tenho a oportunidade de ter contato com várias áreas do conhecimento através dos artigos que recebemos. Isso propicia que meu conhecimento amplie para além das minhas áreas de atuação e pesquisa.

5) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?

Que sempre produzam e publiquem, pois é a partir da experiência que vamos nos qualificando e nos aprimorando cada vez mais. É como uma academia, que se você sempre ir cada vez mais vai ganhando condicionamento físico, neste caso vamos ganhando “condicionamento intelectual”.

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